Eu sou um aborto...
Sou o ser moribundo que desde o ventre, trazia a morbidez de um cadáver
Fui ignorado desde o primeiro momento, fui gerado pelo desespero e pelo desencanto
De uma alma perdida e amaldiçoada...
Eu sou o filho indesejado, sou o feto podre jogado aos vermes em qualquer lixeira imunda...
O grito abafado de um bêbado, sufocado por seu próprio vômito azedo...
Ah, quem me dera nunca ter sido nada! Assim não teria um mísero de sentimento por esta mãe assassina
Que devora seus filhos sem piedade!
Que devora seus filhos sem piedade!
Eu senti o calor e a força dos seus murros, senti o amargo dos venenos, senti a lâmina fria partir meus membros... Senti ódio e nojo da sua existência!
Você satisfez seu prazer profano e depois lançou sua imundície no esgoto
Para ser devorada por ratos famintos!
Um dia eu fui gemido de prazer, agora sou apenas restos podres de momentos esquecidos no tempo...
Você me levou no ventre, me intoxicou, me agrediu com uma raiva terrível!
A sua existência é tão podre quanto eu,
Somos seres mórbidos que rastejam nas trevas de um submundo maldito, estaremos para sempre ligados...
Eu sou um aborto, filho indesejado da Terra...
Habitante eterno do Universo!
Por Gabriela P.
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